
- sim?
- diz-me tu!
- não posso.
- porquê?
- estou proibida.
- de quê?
- de existir.
- porquê?
- por nada.
- por nada?
- nada.
- diz-me.
- o quê?
- tudo.
- diz-me.
- diz-me tu.
- mas o quê?
- nada.
- não percebo.
- nem eu.
- pois.
- estás estranha.
- não sou eu, é o mundo.
- que mundo?
- este, o pequenino.
-o nosso?
- o nosso.
- cala-te.
- eu calo-me.
- adeus.
- não vou embora.
- não vais?
- não.
- então o que é que vais ficar a fazer aqui (neste mundo)?
- vou esperar pelo tempo.
- pelo tempo?
- sim.
- porquê?
- ele foi rápido, tenho que o apanhar.
- como é que apanhas o tempo?
- com as mãos.
- consegues?
- não, por isso é que estou morta.
- morta?
- morta!
- como é que morres-te?
- mataram-me.
- quem é que te matou?
- alguém.
- alguém?
- sim.
- quem?
- não sei.
- não sabes?
- não.
- então quem é esse alguém?
- um ser humano, acho eu.
- queres que descubra?
- não!
- não queres saber quem te matou?
- não! Já estou morta.
Mesmo sabendo os danos que lhe causará, ela está morta, mataram-na, mas não me deixaram dizer quem. Ela pediu-me para não contar esta história, disse que era só mais uma como muitas outras, pediu-me quando descobriu que eu estava a ouvir a conversa com a ventania dos dias. Estava melancólica, estava triste, tentei ajudar contando a história, mas ela está(va) morta, demasiado morta para poder estar verdadeiramente morta.
Não me lembro bem, mas acho que acabei por sentar-me num banco no fundo da rua, nesse mesmo instante olhei para o ecrã daquela pequenina tecnologia e tinha palavras, muitas palavras juntas, essas mesmas que me fizeram chorar. Eram simples, muito simples aliás, mas eram sentidas, e importantes.
- e já passaram 8 meses desde da primeira vez em que vi a perfeição. 19.07.2009 .:’
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