hoje tenho medo;


«Vejo-te ao longe. Tu não me vês. Vens. Caminhas na minha direcção sem dares conta que ali estou. Espero-te. Ao aproximares-te, cresce aquele arrepio, fico paralisada, não consigo pensar. Aproximaste mais um pouco. Muitas imagens me passam pela cabeça. Aquela vontade de te ter. Aquela vontade de te falar. Aquela vontade de ficar a olhar para ti. Aquela vontade de querer e não poder. Vagueio pela rua. Sozinha. Apenas com um único pensamento: Tu! Ficaste, marcaste o teu lugar no meu coração sem saberes permaneceste. Permaneces em silêncio. Caminhas devagar. Eu, apenas eu. Sozinha por aqui.» , acordei.

- Hoje de que é que vamos falar, Cristiana?
- hoje tenho medo; tenho medo, só isso.
- passa-me para uma folha aquilo que tens, hoje.

Escrevi em letras bem gordas e grandes, «NADA» e em pequenas (quase invisíveis), «eu mesma sou um nada.»

O medo devia ser um verbo, devia conseguir conjugá-lo no presente; no passado e quem sabe se no futuro.
Somente porque hoje tenho medo, hoje espreito mas não entro. Olho mas não vejo. Toco mas não sinto. Falo mas não digo. Tenho mas não possuo. Desejo mas não quero. Escuto mas não oiço. Compreendo mas não entendo. Abandono mas não desisto. Acredito mas não confio. Sonho mas não imagino. Venço mas não ganho. Caminho mas não ando. Vivo mas não existo. Deixo mas não esqueço, nem nunca esquecerei. Hoje tenho medo, muito medo.

até quando será(s) ? :’

1 comentário:

Anónimo disse...

adoro o teu blog