Lá no fundo já não se ouvem as cantorias eufóricas, já não se ouvem os berros e os risos. É tarde. Muito tarde. Já só se vêm alguns adormecidos e outros a contemplar a magia da noite, com melodias a percorrerem-lhes as mais profundas sensações que lhes são concebidas, cada um com a sua, certamente que diferentes. A parte boa desta viagem, é ser feita durante a noite, parece-me ainda faltar uns alargados minutos para chegarmos ao destino, ainda assim, ouso dizer-vos que estaria aqui toda a noite. A magia. O poder. A esperança. É tudo tão bom de se sentir agora. É incrível olhar por esta enorme janela e ver que no lado de fora existe mesmo: um mundo. O encanto que daqui nos consegue passar, é algo que não se explica, e só sente aqueles que conseguirem estar atentos, sim, porque a atenção é ela também um dom.
Uma noite passada numa ponte, a contemplar o brilho, a reviver mil e umas coisas, uns cobertores, um chocolate quente, um caderno e um lápis, não seria óptimo? Era capaz de viver sossegada durante a noite, sem atormentos, sem fantasmas, sim, porque o dia é algo que me faz ter medo, muito medo.
Reparem, reparem todos … olhem pela janela do autocarro.
Vejo as várias luzes, cada uma no seu sítio, cada uma com o seu poder; vejo uma estrela que se ergue bem alto lá no céu. Será que és tu? Será que me estás a proteger? A fazer-me sentir todas estas coisas? Brilha, brilha forte, para eu saber que és realmente tu.

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