Quando passares por mim na rua, sorri, não venhas à minha beira, mas sorri, isso é a única prova viva que tenho de que tu estás bem, sorri, porque sorrir é a melhor maneira de conseguires vencer. E não, eu não sou mais aquele pedaço voador, desta vez estou assente na Terra, desta vez deixei tudo em casa, despida, vazia, este sou um novo eu, sem qualquer tipo de sentimentos, exactamente isto, hoje tornei-me fria e cruel, hoje deixei de ser e deixei-me levar pela enorme revolta, nem mesmo tu saberás algo de mim. Tu, tu que és também um pássaro voador, coloco-te de novos asas, estas ainda melhores do que as antigas, por isso voa. Eu vou desaparecer, vou para longe e tu voarás bem mais alto assim, terás muita mais força e serás um conquistador do mundo. Tu vives. Tu voas. Eu tenho que ir, o meu coração não bate mais com a mesma frequência, acho até que uma arritmia se apoderou de mim, uma arritmia constante. Mas eu desisto, desisto por não ter mais forças. Desisto porque o restante venceu-me. Deixei tudo em casa e isto sou um novo eu. Perdoa-me. Eu deixei de aguentar não existir.