meu aclamado coração,

tenho-te a dizer que agora nada sei o que deveria ter para te dizer, talvez pela imensidão de coisas que existam, talvez pela enorme carga que em cada Ser é depositada.
Hoje está uma noite linda, disso não me posso queixar. A Lua está cheia e o Céu brilha com o objectivo de sarar corações que pela Terra ainda permanecem, mas mesmo assim não me posso deixar de perguntar, quem somos nós?
Fomos criados com alguma finalidade, pelo menos é isso que afirmam corresponder a verdade, sobrevivemos para conquistarmos um lugar no cimo dos Céus, mas esquecemo-nos que deveríamos viver até conseguirmos chegar a etapa final. De que valerá tudo isto, amanhã? A verdade é que de nós o mundo é feito, mas irremediavelmente continuamos a não ser ninguém. Isto sou eu, e isso és tu, um nada, e sabes porquê? Porque ninguém luta por aquilo que realmente quer, ninguém vira montanhas para conquistar algo que lhe consiga tocar no centro da alma, ninguém acredita que a nostalgia se torne numa doença, ninguém move uma cidade para procurar uma rapariga vulgar, ninguém.
Amanhã, não deixará de ser amanhã e não passará disso, será sempre um amanhã. Gostava somente que o Hoje, nos deixasse a nós Humanos viver e encarar a verdadeira faceta do mundo, encará-la como deveria ser. Mas e amanhã, quando eu chegar ao cimo dos Céus certamente que me irei aperceber que todos os Humanos existentes, nunca deixaram de ser um nada.
A mim, a ti e a todos nós cada vez se torna mais escassa a coragem existente no nosso corpo, e efeitos secundários vão-se apoderando de cada território anteriormente conquistado por todos aqueles que souberam viver. Eles ganharam e nós perdemos, não por sermos fracos, mas somente por sermos um nada. Venceríamos até que ficássemos sem os territórios, se tentássemos, mas como não o fazemos, seremos um nada eternamente e morreremos sem nunca viver, sem nunca experimentar lutar.

Uma boa noite para todos vocês, meus caros leitores.


Com toda a minha alma,

Cristiana Mendes.